O QUÊ VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CIRURGIA DE EPILEPSIA
29/05/2023
Saiba o quê é, como é feito e quando está indicado uma cirurgia para epilepsia
A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por crises epilépticas (convulsões) recorrentes e não provocadas. No Brasil, em torno de 16 pessoas a cada 1000 habitantes são portadores de epilepsia (ou seja, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas) com impacto significativo na sua qualidade de vida. Embora a medicação seja o tratamento de primeira linha para a epilepsia, algumas pessoas podem não ter controle adequado da sua condição somente com os fármacos anti-crise. Nesses casos, a cirurgia de epilepsia pode ser considerada como uma opção de tratamento.
Atualmente temos várias estratégias de cirurgia de epilepsia, cujo objetivo principal é o controle de crises. A mais comum e mais efetiva é a cirurgia ressectiva, que envolve a remoção da parte do cérebro que está gerando as crises epilépticas, como por exemplo em epilepsias do lobo temporal ou displasias corticais. Ainda temos dentro das estratégias de cirurgia a implantação do estimulador do nervo vago (VNS - vagal nerve stimulator), o estimulador cerebral profundo (DBS - Deep brain stimulation) e RNS (responsive neurostimulation).
Figura 1-3. Os aparelhos VNS, DBS e RNS, respectivamente.
A decisão de indicar a cirurgia de epilepsia é baseada em diversos fatores, onde o importante é o tipo de epilepsia que a pessoa tem. Para tanto, é imprescindível uma investigação detalhada, que inclui dentre eles exames de EEG (eletroencefalograma) e ressonância magnética.
Os benefícios potenciais da cirurgia de epilepsia são significativos. Estudos demonstraram que até 80% das pessoas que se submetem à cirurgia experimentam uma redução em suas crises e até 50% ficam completamente livres de crises. Além disso, a cirurgia pode melhorar a qualidade de vida, reduzindo a frequência e a gravidade das crises e por vezes permitindo o retorno às atividades que antes estavam incapacitados de fazer.
Claro, como toda cirurgia, existem seus riscos potenciais. O mais importante é o dano ao tecido cerebral ao redor da área a ser operada, que poderia levar a déficits cognitivos e motores, a depender do local da cirurgia. Outros riscos incluem infecção, sangramento e reações adversas à anestesia, entre outros. Todos são manejados de forma a evitá-los, resultando em uma margem residual de risco em torno de 1-5%.
Em conclusão, a cirurgia de epilepsia é uma opção de tratamento para pessoas com epilepsia que não respondem bem a duas ou mais medicações. Embora existam riscos potenciais associados à cirurgia, os benefícios tendem a ser significativos e superiores aos riscos envolvidos. Se você ou alguém que você conhece tem epilepsia e está considerando a cirurgia, é importante discutir os riscos e benefícios potenciais com um neurologista e um neurocirurgião para determinar se a cirurgia é a opção certa.
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Referências
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